Pular para o conteúdo
Início » Guia de bem-estar para gestantes

Guia de bem-estar para gestantes

O que a gestante deve fazer para seu bem-estar físico, mental e emocional.

Por Luiza Paim

Quando a gravidez é revelada, a mulher, buscando ou não, recebe uma gama de opções para cuidar do físico, da mente, das emoções.

Se você está grávida, antes de continuar lendo este artigo, lembre-se que: somente VOCÊ sabe o que é melhor para si.

Aqui selecionamos excelentes profissionais de diversas áreas de atendimento a gestantes, que vão contar sobre seus trabalhos e benefícios. Guarde o link e compartilhe!

Há redes de apoio às gestantes, encontre a mais próxima

Os cuidados que a mulher deve ter na gestação

A mente e as emoções na gestação

A gestação muitas vezes começa na mente e no coração. O desejo, o não desejo.

Permeia toda mulher a questão ser ou não ser mãe, culturalmente o assunto aparece em algum momento em sua vida e desde muito cedo, nas brincadeiras. Não vou aprofundar na questão, apenas pontuar que essa cultura precisa ser olhada, conscientizada dos efeitos – nem sempre positivos – e revista, para que a maternidade deixe de ser uma pressão, uma cobrança e ocorra verdadeiramente de acordo com o desejo da pessoa.

Quer ser mãe? Não quer ser mãe? Essa nem sempre é uma pergunta simples, que se responda apenas com um sim ou não. A resposta pode variar conforme o momento da vida, conforme o amadurecimento da pessoa.

Psicoterapia na gestação

Por isso é preciso cuidar da mente, das emoções. Trazer os pensamentos que podem já estar enraizados mas que não se encaixam no que se sente. A psicologia na gestação é um campo importante que impacta em toda a vida materna.

A psicóloga, psicanalista, mãe, Tatiana Machado estuda e trabalha com perinatalidade e vai nos falar sobre a psicoterapia na gestação.

BE: Quais sinais indicam que a mulher deve buscar a psicoterapia durante a gestação?

De um modo geral, o que leva uma pessoa à psicoterapia durante a gestação não é muito diferente do que a levaria em outras situações habituais da vida: ela percebe que precisa de terapia quando está sofrendo muito e não encontra saídas, quando se vê em um impasse ou mesmo quando uma depressão ou outro quadro clínico severo se instala e requer cuidado profissional. Ao contrário do que se diz, ninguém vai pra terapia pra “se conhecer melhor”, vai porque quer parar de sofrer ou resolver problemas.

Ocorre que a gestação é, comumente, um momento de revisão da vida, dos projetos e planos. É também momento de revisitar a própria infância, a relação com os pais ou cuidadores em busca de referências para a entrada nessa nova função.

Podem surgir também preocupações com as mudanças corporais, com a vida profissional e, quando presente, conjugal. Toda essa movimentação psíquica e emocional pode ser profundamente enriquecedora para a experiência de vida da ou do* gestante, mas pode também, em alguns casos, desestabilizar diversos aspectos na vida da pessoa, desencadear novas e reavivar velhas angústias.

Nessas circunstâncias, a psicoterapia se mostra importante e pode ajudar muito.

*A Tati explicou que usa artigo neutro ou ambos os artigos para se referir a pessoa que gesta para incluir os homens trans gestantes na conversa e nas redes de cuidados perinatais.

BE: Quais benefícios da psicoterapia para a grávida?

Os benefícios são muitos: como a gestação implica em grandes mudanças e profundos impactos no corpo, na vida psíquica, emocional e social, a psicoterapia favorece a elaboração das angústias e das questões que emergem nesse processo.

Na psicoterapia, na perspectiva em que trabalho, criam-se as condições para que a pessoa possa se escutar e, assim, se apropriar um pouco mais de algo daquilo que lhe dói, daquilo que ela sempre repete e que a atrapalha na vida.

É um trabalho intenso e nem sempre fácil, mas que pode contribuir com tomadas de decisão e posicionamento (tão importantes na função de cuidado das filhas e filhos), pode ajudar a diminuir culpas e autocríticas excessivas, além de, sempre potencialmente (não há garantias!), contribuir com a invenção de formas mais criativas e menos sofridas de enfrentar as dificuldades inerentes ao processo de gestar, parir e cuidar de bebês.

A psicoterapia é um trabalho exigente e dispendioso, nem tode* gestante terá necessidade ou disponibilidade para passar por ela. Então é importante lembrar que há outros espaços e serviços de que ela ou ele podem se beneficiar muito também, como grupos de apoio, rodas de conversa e reflexão ou o pré-natal psicológico.

São atividades que criam oportunidades de estar com outras pessoas que passam pelo mesmo momento da vida e trocar com elas, refletir sobre questões sensíveis à perinatalidade e que podem favorecer a construção de redes de apoio, tão necessárias para quem está prestes a começar a cuidar de um bebê.

Por fim, tanto a psicoterapia quanto o pré-natal psicológico e mesmo grupos e rodas podem ajudar a pessoa a se apropriar e se fortalecer em suas próprias convicções e formas de exercer a parentalidade, tornando-se menos suscetível aos imperativos da moda, cada vez mais frequentes no universo da parentalidade.

Aromaterapia na gestação

A aromaterapia também é aliada na gestação. A atuação dos óleos essenciais no corpo psíquico é comprovada cientificamente, tanto que esta terapia é uma das sugeridas pelo SUS como Prática Integrativa Complementar.

No entanto, na gestação é imprescindível que a mulher consulte uma aromaterapeuta, pois nem todos os óleos essenciais são seguros neste período, tanto pela composição química quanto pela quantidade.

E não só isso: o mesmo óleo essencial pode ter efeitos diferentes entre as pessoas, pois na aromaterapia a relação é entre o óleo essencial e aquela pessoa.

A importância deste cuidado aumenta tendo em vista a disseminação do uso – muitas vezes indiscriminado – dos óleos essenciais. Por isso, mesmo tendo sido indicado pela doula ou pela médica, procure saber de onde vem o embasamento.

Elziane Paim, psicoaromaterapeuta integrativa, fundadora da Âme Du Champ, dá dicas de uso seguro dos óleos essenciais na gestação.

Para as questões gerais da gestação há indicações seguras, desde que utilizadas na quantidade certa, da forma certa.

Para equilibrar as emoções (casos de ansiedade, estresse, insônia): Bergamota, Lavanda ou Laranja doce. Uma gota no colar aromático ou 4 gotas no difusor de tomada por 7 dias.

Para usar na pele, para massagear pernas doloridas, ombros: Olíbano, Lavanda, Laranja doce, Camomila Romana ou Pimenta Preta diluídos em base carreadora em 1,5%.

Para dor lombar, Pimenta Negra, Camomila Romana e Lavanda. Escolha 2 deles e dilua na proporção de 1,5% em óleo vegetal de Semente de Uva ou outro de sua preferência.

Para cuidar da pele da barriga, contra estrias: Patchouli, Olíbano, Sândalo ou Lavanda. Escolha 2 deles e dilua na proporção de 1,5% em óleo vegetal de Rosa Mosqueta.

Contraindicações absolutas: há uma extensa lista de óleos essenciais que não devem ser usados na gestação de forma alguma. Vou listar alguns mais conhecidos, mas caso tenha dúvida no uso, entre em contato com a Âme! Alecrim verdadeiro, Anis Estrelado, Canela da China, Cedro do Atlas, Cenoura, Cravo da Índia, Eucalipto Hortelã, Hortelã Menta. Ademais, uma aromaterapeuta também saberá quais moléculas químicas presentes nos óleos essenciais são contraindicados para a gestantes.

Além das contraindicações de óleos essenciais, eles não devem ser utilizados em gestantes com problemas cardíacos, renais, hepáticos, diabetes gestacional e mellitus, anemia, epilepsia, distúrbios da tireoide, hipertensão, asma e que faz uso de medicamentos anticoagulantes.

A Doula

Para apoio emocional – e físico – durante a gestação, parto e pós-parto existe também o trabalho da doula. Este papel é desempenhado há tempos ancestrais por mulheres cuja função básica é servir às mulheres que estão para dar à luz.

Hoje em dia a profissão ampliou suas práticas, pois são tempos em que a informação se tornou essencial para uma boa gestação, parto e maternidade.

Cristiane Raquieli é doula há 13 anos, mãe de 4, atua em ONG de apoio à humanização do parto e amamentação. Ela vai nos contar quais são as funções da doula.

BE: O que faz uma doula durante a gestação, durante o parto e depois do parto?

Cris: A Doula é uma profissional de múltiplas funções. Durante a gestação o papel dela é de educação perinatal, informando, esclarecendo e desmistificando. É nessa fase que buscamos fortalecer a mulher e/ou casal para o parto.

Durante o trabalho de parto, a Doula é responsável por manter o ambiente aconchegante, acolher a mulher em suas necessidades, apoiar e encorajar.

É também aquela que ampara fisicamente a mulher, sugere posições de alívio e faz massagens. Depois do parto, a doula é suporte contínuo, apoiando a recém mãe na amamentação, escutando e acolhendo as dúvidas e os medos.

BE: O que a doula não faz?

Cris: O código de ética da Doula, não permite que ela faça qualquer procedimento médico. Ela não pode fazer exame de toque, aferir pressão arterial, ou fazer ausculta fetal. É importante lembrar, que se uma Doula for da área da saúde, e estiver atuando como doula apenas, essa regra também se aplica.

fonte: @doulasnascernaturalmente

O corpo na gestação

O corpo físico é o mais importante de todos, afinal, sem ele não estaríamos atuando na terra. Ele dá de si para a formação de outro corpo e neste processo sofre transformações naturais, mas que trazem desconfortos, atualmente ampliados pelo estilo de vida, mas nem sempre por isso.

É preciso naturalizar o conceito de que a gestação tem suas características normais que, por mais que causem dores, desconfortos, devem ser vistas como mudanças inerentes ao estado em que está.

Práticas somáticas na gestação

O movimento interno, o qual não conseguimos controlar, deve ser acompanhado pelo movimento consciente externo, para que o corpo como um todo entre em equilíbrio e desfrute de bem-estar.

Para falar mais deste assunto, convidei a Anne Sobotta, mãe, professora de práticas somáticas, estudiosa, formadora de profissionais do movimento, fundadora da Birth In Motion, que partindo das técnicas do yoga ampliou seu trabalho criando uma prática somática voltada especialmente para a gestação.

BE: O que são as práticas somáticas na gestação?

Anne: São, antes de mais nada, uma forma de pensar e sentir o corpo na perinatalidade e falando mais especificamente da minha abordagem, uma maneira criativa e bastante livre de trazer a educação somática para a assistência perinatal.

Meu objetivo é reforçar a importância da autonomia e da consciência da mulher na participação do processo de gestação, parto e nascimento, procurando assim contribuir para a melhora da saúde perinatal. As práticas e conceitos que apresento procuram estar sempre em acordo com as evidências mais recentes sobre assistência perinatal e os princípios de boa prática.

Entendo por prática somática um campo de estudo do movimento que nos sugere perceber como estamos envolvidos com nosso corpo e nossos movimentos no dia a dia e como isso se relaciona com nossa saúde, através do estudo da anatomia do movimento, do foco nas percepções físicas internas e nas experiências vivenciadas ao nível corporal.

A expressão Prática Somática nasce do conceito de Educação Somática (Somatic Education, ou Somatics), que é:

“A arte e a ciência de um processo relacional interno entre a consciência, o biológico e o meio-ambiente. Estes três fatores vistos como um todo agindo em sinergia.”

(1º definição por Thomas Hanna em 1983, num artigo publicado na revista Somatics). 

A palavra Somática é utilizada no campo das terapias corporais para falar de abordagens baseadas no soma, ou “o corpo como percebido desde de dentro” (“the body as perceived from within”), como a técnica Alexander, o método Feldenkrais, ou o Rolfing.

Técnicas somáticas podem ser aplicadas na dança, psicoterapia, terapias corporais…

Na descrição da International Somatic Movement Education and Therapy Association, a prática somática contempla avaliações posturais e do movimento, comunicação e orientação através de palavras e toques, anatomia vivencial e ideokinesia (“imagery”), e a reorganização dos padrões de movimento. 

Estas práticas podem ser aplicadas na vida diária ou em atividades especializadas para pessoas em diversas condições de saúde e fases de desenvolvimento.

A Prática Somática Perinatal contempla os conceitos acima descritos aplicados ao período da gestação, parto e puerpério.

BE: Quais principais benefícios da consciência pelo movimento na gestação?

Anne: Tem uma citação que gosto muito, que fala da corporeidade (embodiment):

The process of embodiment is a being process,

not a doing process. 

It is not a thinking process; it is an awareness process.

(Bonnie Bainbridge Cohen)

(O processo de corporeidade é um processo de ser, não é um processo de fazer. Não é um processo de pensar; é um processo de conscientização.”)

Para responder de forma bem precisa mesmo, diria que são principalmente dois:

1. Através das práticas, procuro dar suporte ao processo fisiológico da gestação e do parto. Isto quer dizer tanto o processo biomecânico – que é um termo muito redutor – com vários dos outros processos envolvidos que são entendidos nas suas interações. Isto é: a psiconeuroendocrinologia da gestação. Embora não se trate, obviamente, de realizar um tratamento hormonal ou um atendimento psicológico, a prática de movimentos sutis, exercícios de consciência corporal, respiratórios e outros tem por objetivo manter esses sistemas em harmonia para uma gestação e um parto prazerosos e saudáveis.

2. Abrir espaço. Isso parece vago, mas diz muito. Tudo na gestação implica abertura. No corpo e na mente. Nos vasos sanguíneos (porque há mais sangue que circula)… na pelve… na nossa agenda! Abrir espaço quer dizer também abrir espaço para o tempo, para um tempo de qualidade, um tempo para se cuidar.

Podemos nos perguntar: o que acontece quando essa abertura é negada?

Por fim, isso se aplica também, obviamente, ao corpo no sentido de reencontrar amplitude numa articulação que talvez estava com mobilidade reduzida, ou reequilibrar um descompasso entre estruturas ou tecidos que estavam ou muito soltos ou muito rígidos.

Meu objetivo é reforçar em cada mulher a intuição, autonomia e criatividade no gestar e parir e assim abraçar essa dança de dois corpos.

Yoga na gestação

Muito divulgado para gestantes é o Yoga. Por ser uma prática famosa por trazer relaxamento, tranquilidade e equilíbrio, muitos pré-natalistas indicam yoga.

Para quem já é praticante, a indicação é observar as contraindicações para grávidas e buscar as técnicas que beneficiem neste período, e são muitas!

Yoga é um caminho de autoconhecimento que atua no corpo físico, emocional e mental, assim como a gestação é.

A mulher ao desejar a gestação, descobri-la, passar por ela, pelo parto, pelo puerpério e adiante, percorre um caminho de transformações intensas e o yoga pode ajudá-la a manter o equilíbrio, controlar a ansiedade, ser útil nos momentos físicos (desconfortos naturais da gestação, consciência corporal, trabalho de parto e parto, amamentação…), trazer centramento e proximidade com o Eu.

Eu, Luiza Paim, praticando yoga durante minha especialização.
Pratiquei yoga nas minhas 3 gestações: na primeira sozinha seguindo um livro, na segunda com professora em turma de hatha yoga e na terceira dando aulas para gestantes e em casa, mas já sendo professora.

Uma boa professora de yoga para gestante elabora uma sequência que vai levar a praticante a ter consciência e controle do seu corpo naturalmente: força, flexibilidade, espaço interno, mobilidade são levados para a memória corporal durante os ásanas.

Saber respirar bem para controlar a ansiedade, lidar com a dor física, com a oscilação emocional também são exercitados na prática de pranayamas.

Relaxamento e entrega, vivenciados no yoga nidra, serão úteis na gestação, no parto e muito no pós-parto.

A meditação como exercício de silêncio e escuta interna também é um tesouro precioso.

Por fim, yoga é uma filosofia de vida, um presente para quem está gestando, para quem é gestado, para a mãe e toda a família.

Fisioterapia obstétrica

A fisioterapia obstétrica procura preparar a mulher para a gestação, parto e pós-parto com práticas específicas de movimento.

Rafaela França é mãe de 2, fisioterapeuta com foco em obstetrícia e especialista em Saúde da Mulher. Ela utiliza a técnica Gyrotonic e vai nos contar como funciona.

BE: Como é o trabalho da fisioterapia obstétrica?

Rafa: Ao longo dos nove meses de gestação, as curvaturas da coluna da mulher mudam, o que gera novas adaptações corporais. Ocorre com frequência o aumento da cifose torácica, aumento da lordose lombar e inclinação da pelve para frente. Além disso, com o crescimento do bebê no útero, o centro de gravidade da gestante fica mais anteriorizado, o que exige mais dos músculos lombares para segurar o equilíbrio. Dessa forma, é muito comum nesse período, as dores nas costas, dores na pelve e no osso púbico por exemplo.

Mas então não tem jeito? Já que é uma alteração natural, fisiológica da gestação?

Tem jeito sim! A fisioterapia especializada pode ajudar e muito a resolver essas dores!

BE: Como funciona seu trabalho com os equipamentos?

Rafa: Um método que auxilia a tratar as disfunções da gestação é o Gyrotonic ®️, com equipamentos que trabalham com o movimento natural das nossas articulações. Ele incorpora exercícios respiratórios, ritmados e exercícios globais em posições confortáveis e adaptadas a cada fase da gestação.

BE: Quais os benefícios deste método?

Rafa: Criar espaço dentro das articulações e descomprimir regiões de tensão, ganho de força e de flexibilidade e preparar o corpo para o parto.

Esses são objetivos gerais, no entanto, o tratamento é individualizado para as necessidades de cada mulher.

Promove também uma melhora da consciência corporal durante o período de gestação e uma conexão da mãe com seu bebê.

Ela aprende durante o tratamento sobe como conectar a pelve com o restante do corpo, com exercícios de estreitamento da pelve e movimentos de arco e curva da coluna.

Assim, a ativação dos músculos do assoalho pélvico não é feita de forma isolada somente, mas associada aos movimentos do corpo. Além de todos esses benefícios, os exercícios são prazerosos e promovem o bem-estar, tão necessário nessa fase da vida das mulheres!

A Nutrição da Gestante

É um clássico o cuidado da alimentação durante a gravidez. Porém, algo tão comum precisa ter um olhar direcionado corretamente porque não é comer mais ou comer legumes, mas olhar para si mesma e entender do que seu corpo precisará para “produzir” outro ser humano com qualidade. Quem faz essa orientação é a nutricionista.

Convidamos a Ana Paula Pacífico Homem, que é nutricionista pela UFV, mestre pela UFMG e especialista em Nutrição Materno-Infantil pela USP para falar desse cuidado no período de gravidez.

BE: Quais os benefícios do acompanhamento nutricional na gestação?

Ana: Para responder essa pergunta, vamos explicar alguns conceitos.

Você já ouviu falar dos primeiros 1100 dias?

Este período compreende os 90 dias antes da concepção (isso mesmo!), os 280 dias de gravidez (40 semanas) e os 365 dias de cada um dos dois primeiros anos de vida do bebê, que, somados, totalizam 1100 dias.

BE: Por que este período é tão crucial?

Ana: Estudos recentes mostram quem bons hábitos de vida nos primeiros 1000 dias (alimentação saudável, atividade física, sono adequado, não fazer uso de cigarro e bebidas alcóolicas), bem como a suplementação de nutrientes orientada por profissional capacitado antes da concepção e durante toda a gravidez, proporcionam condições ótimas para o adequado crescimento e desenvolvimento emocional e neurológico do bebê.

A novidade é que os impactos da gestação perduram ao longo de toda a vida, protegendo a saúde do indivíduo ou potencializando o risco para diabetes, doenças cardiovasculares, problemas renais, hipertensão, osteoporose e obesidade.  É o que a ciência conhece hoje como modulação epigenética.

Após o nascimento, a alta velocidade de crescimento nos dois primeiros anos acarreta uma alta demanda de nutrientes, por isso o cuidado com a alimentação continua sendo vital nessa fase.

BE: Qual a importância da nutrição na gestação?

Ana: Do ponto de vista fisiológico, a gestação é um período de grandes transformações no corpo da mulher. O  crescimento do bebê, a formação do  líquido aminiótico, da placenta, aumento das mamas, expansão os volume sanguíneo, o crescimento do útero e a formação da reserva de gordura que será usada pela mulher como poupança  energética na amamentação, bem como o intenso trabalho dos  órgãos maternos (coração, pulmão, fígado, pâncreas, rins e pulmões) para dar suporte à nova vida, em conjunto, aumentam  significativamente a demanda nutricional da mulher.

Isso não significa que a gestante deve “comer por dois”, mas sim que ela necessita de uma alimentação adequada em quantidade e qualidade, além da suplementação individualizada de nutrientes.

BE: De que forma o acompanhamento nutricional pode beneficiar a gestante e o bebê?

Ana: Além de dar suporte aos processos fisiológicos da gravidez, a alimentação e nutrição adequadas na gestação colaboram na prevenção e/ ou tratamento de problemas que afetam a mãe e o bebê, como doenças hipertensivas e diabetes gestacional, obesidade, desnutrição, prematuridade, baixo peso ao nascer e carências nutricionais, como anemia por deficiência de ferro e deficiência de vitamina B12.

Desta forma, o acompanhamento nutricional na gravidez por um profissional capacitado colabora positivamente para a saúde da dupla mãe-bebê.

BE: Quais gestantes devem priorizar o acompanhamento nutricional?

Ana: Tendo em vista que as transformações no corpo da mulher durante gestação impactam diretamente na demanda de nutrientes, todas serão beneficiadas pelo acompanhamento nutricional.

No entanto, aquelas que possuem diabetes, hipertensão, carências nutricionais, peso corporal acima ou abaixo dos níveis considerados saudáveis, bem como aquelas em vulnerabilidade social (que agravam todas as situações acima) configuram gestantes de risco e compõem o grupo prioritário para o acompanhamento nutricional.

Lembre-se: cuidar da mãe é cuidar do bebê!

E para concluir…

Este artigo é direcionado para a fase da gestação, apesar de não conseguirmos isolar e viver só este período sem considerar o que se é, o que passou e o que vem a seguir.

Por hora vamos parar por aqui, no momento da passagem: o parto!

O grande espetáculo da gestação é o parto! E para que o nascimento aconteça como deve ser – na hora em que o bebê estiver pronto e de forma respeitosa – a gestante precisa fazer um bom pré-natal e ter acompanhamento de um bom profissional.

Afinal, só se nasce uma vez e essa vez é determinante para o resto da vida. Como já disse Michel Odent, obstetra que difundiu a abordagem do parto natural:

Para mudar o mundo, é preciso, primeiro, mudar a forma de nascer

(Neste momento acrescento que é preciso também mudar a forma de educar)

fotos de Paulo Valle, nascimento da Cecília com assistência da querida Míriam Rego
nascimento respeitoso com a participação da família

Para finalizar com chave de ouro, deixo aqui preciosas dicas para a gestante reconhecer o/a bom/boa obstetra:

da Cristiane Raquieli:

  • Procure obstetras que tenham um alto índice de partos, segundo a operadora do plano de saúde.
  • Desconfie de obstetras que tenham ultrassom no consultório
  • Procure aqueles que falam desde o início sobre o parto (e que escutam você falar sobre) e tirem dúvidas de maneira clara e objetiva.

da Anne Sobotta:

  • Veja a taxa de cesárea.
  • Procure relatos de outras pessoas que foram atendidas por ela/ele
  • Conversar sobre com as doulas da região.

Este post da Maíra Libertad, parteira, pesquisadora e professora, é bem claro e objetivo, vale a pena salvar!

Então, em resumo:

Conheça sua mente

Valorize e entenda suas emoções

Movimente e desperte seu corpo

Selecione bem os alimentos com que nutre seu corpo, sua mente e suas emoções

Integre-se a uma rede de apoio, mas tenha discernimento

Escute sua voz interior: está tudo, tudo, dentro de você!

Escrito por Luiza Paim da Âme Du Champ Aromaterapia

Compartilhe citando a fonte!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *